Síndromes que acompanham a leucopenia
A princípio, qualquer medicamento ou elemento com princípio ativo pode levar à leucopenia. Contudo, deve-se ressaltar a leucopenia ocupacional, que tem como responsável o benzeno ou seus derivados, que são elementos tóxicos para a medula óssea. É chamada de "ocupacional", visto que o benzeno é usado em refinarias, postos de gasolina etc.
A leucopenia ocupacional corresponde a uma das causas mais freqüentes de afastamento de trabalho, sobretudo os que envolvem substâncias químicas, ingeridas, manuseadas ou inaladas, como querosene, gasolina, inseticida, tintas e redutores, ou agentes físicos (radiação ionizante).
Já o benzenismo é um estado, agudo ou crônico, de intoxicação pelo benzeno, que leva a alterações de diversos sistemas e tecidos, pele, sistema nervoso, aparelho respiratório, sistema imunológico, genético, hematopoético, que podem ocorrer isoladamente ou em associação. A leucopenia é a manifestação hematológica mais freqüente de comprometimento pelo benzeno, constituindo-se, por vezes, em situações clínicas de difícil diagnóstico.
Existem, ainda, as falsas leucopenias, leucopenias constitucionais ou raciais, que correspondem a uma das principais causas de encaminhamento de pacientes e indivíduos sadios ao hematologista. São diversos os fatores que desencadeiam tais síndromes.
Entre os fatores naturais que interferem no número de leucócitos, destaca-se a variação racial. Os valores considerados normais para o leucócito no organismo são diferentes entre pessoas de cor branca, de cor negra e outras etnias. Desta forma, o número de leucócitos deveria ser norteado por parâmetros próprios. Na ausência de valores formalmente estabelecidos e divulgados, cabe ao hematologista uma conclusão para cada caso isoladamente.
Do ponto-de-vista prático, caso a leucometria normal do indivíduo seja desconhecida, admite-se como "constitucional" toda leucopenia persistente e constante, que, após ampla investigação, não tenha nenhuma causa reativa apontada. Uma investigação com familiares diretos do indivíduo em questão pode ser útil.
É possível prevenir
Algumas práticas consideradas rotineiras e inocentes devem ser sempre motivo de atenção, como a exposição a inseticidas, pesticidas, tintas e demais compostos químicos. É importante a leitura das recomendações dos fabricantes, seguindo rigorosamente as orientações fornecidas.
Também deve-se evitar, também, a ingestão abusiva de álcool. O uso de bebidas desse tipo, sobretudo diariamente, pode levar, entre outros efeitos, à leucopenia. A auto-medicação não é aconselhada, uma vez que alguns medicamentos podem levar à síndrome.
É importante entender que, na maioria dos casos, a recuperação da leucopenia acompanha o tratamento das causas. Dessa forma, se a causa for constitucional, não cabe qualquer tratamento, visto que é uma "falsa leucopenia".
Por outro lado, as leucopenias devidas a viroses, devem ser acompanhadas, pois costumam ser temporárias, corrigindo-se após a resolução das mesmas. Já as que acompanham as doenças crônicas evoluem igualmente, e o tratamento depende da doença de base.
Leucopenias de origem hematológica são tratadas no Hemorio. No entanto, se o indivíduo é portador de leucopenia secundária a outras enfermidades, deve receber tratamento específico para sua doença de base, não necessariamente hematológica. Por exemplo, o tratamento da leucopenia secundária ao uso de antiinflamatórios tem o tratamento indicado. Da mesma forma, o tratamento bem sucedido da leucemia tende a reverter a leucopenia causada por essa enfermidade. E assim sucessivamente.
Contudo, diante de um paciente leucopênico, algumas orientações devem ser feitas: evitar o uso de medicamentos do grupo dos antiinflamatórios não-hormonais, analgésicos do grupo de dipirona e a auto-medicação.
O Hemorio participou ativamente da elaboração da Norma de Vigilância dos Trabalhadores Expostos ao Benzeno, do Ministério da Saúde, publicada em abril de 2004, com o objetivo de oferecer recomendações para o diagnóstico e vigilância do benzenismo ocupacional.
Para a diretora técnica do Hemorio, Vera Marra, uma das colaboradoras da Norma, a o médico não deve desprezar nenhum fator causador da leucopenia, inclusive as questões sociais.
- A leucopenia comporta vários olhares. Sem dúvida, o olhar médico é prioritário, mas não podemos deixar de reconhecer que o tema também nos remete à questão trabalhista, difícil de ser solucionada. Cabe ao médico não desprezar nenhum fator, tendo em vista a considerável prevalência da leucopenia, em nosso meio e, sobre tudo, a relevância de suas conseqüências no cenário médico e social do país.
Números e histórico O registro de casos de intoxicação por benzeno no Brasil é relativamente baixo e impreciso, devido às dificuldades diagnósticas e a subnotificação dos casos. A falta de valores nacionais de referência no número de leucócitos é outro fator complicador, que, associado à miscigenação racial, contribui de maneira inequívoca para a falta de nitidez do problema no país.
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